nunca o poema
uns veem árvores
mas a poeta se pergunta:
quanta saudade nela se abriga?
uns contemplam mares
— que desperdício — pensa
e sussurra à luz que finda:
estarei aqui a sua espera
vive como os profetas
não há mistério que não desvele
não há noite que não a inquiete
antes de amar, esculpe a rima
enquanto seguem
os que feriram
enquanto lamentam
os que se ferem
a poeta se detém
é refém
da poesia
uns veem árvores
nunca o poema
Ligia Contreras
Commentaires